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Por quê eu gosto de House?

quinta-feira, 2nd *.* julho, 2009

Há muito tempo eu venho pensando em como escrever esse texto. Tive vários flashes de como iniciar o parágrafo e ideias iniciais dadas por amigos, mas nada. Ele não saia. Daí, lembrei de uma das minhas primeiras aulas no curso de Jornalismo, com um professor dizendo que “normalmente, quando você senta para escrever e não consegue é porque não há dados interessantes. Ou seja, ou a pauta foi mal apurada ou o tema é fraco demais para virar texto”.

Pensei então que não tinha nada para escrever, na verdade. Passaram alguns dias e repensei o assunto, afinal eu tinha, sim, o que escrever. Só não estava conseguindo. Quem nunca passou por bloqueio na hora de passar a ideia pro papel?! No fim, decidi que o que faltava para eu escrever isso aqui era um gancho. E o gancho surgiu. O fim da quinta temporada de House M.D. para mim e por que eu gosto taaanto dessa série.

Por quê eu gosto desse cara?

Por quê eu gosto desse cara?

Tudo começou com um teste que dizia definir a personalidade. Fiquei meio cético quando o Rafa me falou sobre ele e tal. Mas no fim, eu fiz o teste. E minha primeira reação foi surpresa. Fiquei realmente espantado com o resultado. Era como se eu estivesse lendo minha vida na tela.

O lance é baseado nos tipos psicológicos do psiquiatra suíço Carl Jung (amiguinho de Freud por um tempo). Eles dizem que toda pessoa tem um tipo de tendência que move seu estilo de vida: Extroversão (E) ou Introversão (I). A partir disso, duas psicólogas norte-americanas, Katharine Cook Briggs e Isabel Briggs Myers – mãe e filha -, criaram o sistema de identificação de personalidades MBTI, ou Myers-Briggs Type Indicator.

A teoria de mãe e filha aponta 16 tipos de personalidade. Além dos dois tipos de Jung, esse acrescenta mais seis: Sensorial (S) ou Intuição (N), Racional (T) ou Emocional (F) e Julgamento (J) ou Percepção (P). Respondendo a algumas perguntas você consegue definir que tipo de temperamento tem. Respondi as sessenta e poucas perguntas e me apareceu ISTJ na tela, seguido de um texto explicando toda a minha vida.

Você é uma pessoa tranquila e reservada, que preza por segurança e paz. Você tem um forte senso de dever, que lhe dá um “ar sério” e a motivação de cumprir tarefas. Você também tem um senso de humor meio descompassado, podendo ser uma pessoa muito divertida – especialmente em festas ou encontros.

Organizado e metódico ao fazer as coisas, você geralmente consegue cumprir qualquer atividade ou tarefa que assumir. […] Se você não desenvolver seu lado intuitivo o suficiente, pode acabar ficando obcecado com estrutura, insistindo em fazer coisas seguindo as regras e os procedimentos.

[…] Você é extremamente confiável, fielmente cumprindo o que se compromete a fazer. Por essa razão as pessoas têm uma tendência a empilhar mais e mais trabalho “nas suas costas”.

[…] Você pode trabalhar por longos períodos e gastar bastante energia em qualquer coisa que você acha importante, mas resistirá e não se esforçará se a tarefa não fizer sentido para você, ou se você não puder enxergar nela uma aplicação prática. Você prefere trabalhar sozinho.

[…] Você pode ter dificuldade em entender uma teoria ou uma ideia que seja de uma perspectiva diferente da sua. Porém, se alguém a quem você respeita ou com quem você se importa consegue lhe mostrar a importância ou a relevância dessa teoria ou ideia, ela se torna um fato que você irá internalizar e apoiar. […] Em situações de estresse você pode acabar entrando num “modo-catástrofe”, em que você não enxerga nada além de todas as possibilidades de coisas que podem dar errado.

[…] É provável que você se sinta desconfortável expressando afeto e emoções na frente de outras pessoas. Você se importa muito profundamente com aqueles próximos a você, apesar de você normalmente não se sentir confortável em expressar este amor. Na verdade você prefere expressar seu afeto através de ações, ao invés de que através de palavras. […] Você é uma pessoa capaz, lógica, racional, eficaz, e com um desejo profundo de promover a segurança e a paz.

Isso, mais todas as coisas que meus amigos e familiares falam e todo o resto que tenho de conhecimento próprio me fez parar para pensar numa coisa estranha: eu gosto de assistir House porque eu me pareço com ele, sinto afinidade com a vida dele. Claro que o seriado também é ótimo e tudo mais. Isso me deixou meio chateado, afinal a vida do Dr. Gregory House não pode ser considerada um exemplo.

Para quem não o conhece, Greg (só para os íntimos) é um irônico-sarcástico-ranzinza-filho-da-puta-arrogante que tenta controlar tudo o que acontece a seu redor. Ele manipula e sacaneia os médicos que trabalham com ele, tenta saber da vida de todo mundo e dar uma explicação para tudo.

Só que ele é intocável. Sua vida é um segredo, seus motivos são inexplicáveis e os outros são insignificantes. Obviamente ele tem um lado bom – salva pessoas com um diagnóstico complicado e que já foram abandonadas por outros médicos. E obviamente, eu não sou tão parecido assim com ele.

Também tenho uma consciência, mas é interna

Também tenho uma consciência, mas é interna

Mas a questão é: em alguns momentos eu tenho esse lado arrogante dono-do-mundo do House. Irônico e sarcástico eu sou em tempo integral faz algum tempo. Ranzinza, segundo minha mãe, eu sou desde que nasci. E como está no texto acima, tenho sérias dificuldades de expressar sentimentos (não sei se isso chega a ser ruim) como o sr. viciado em Vicodim.

Então suponho que foi por isso que, quando eu assisti um episódio desse ser manco andando para lá e para cá, sendo grosso e fazendo piadas infames nos corredores de um hospital, eu fiquei apaixonado.

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Até onde as mentiras chegam

domingo, 31st *.* maio, 2009

Minha mãe sempre me ensinou que as mentiras têm pernas curtas. Desde de pequeno eu escuto esse ditado e muitos outros sobre o porquê de não mentir. Mas conforme a gente vai crescendo as coisas mudam e percebemos que alguns tipos de mentiras são válidos na vida, até mesmo porque são exigidas pela sociedade.

Nesse momento minha mãe veio explicar a diferença entre precisar realmente mentir e simplesmente mentir para se safar de certas coisas ou para se dar bem inconsequentemente. Nessa época eu estava na infância e tudo deu um nó. “Quer dizer que eu posso mentir, mas não posso?!” Fiquei confuso, mas depois aprendi o que ela estava querendo dizer.

Aprendi que tudo depende de até onde queremos chegar com essas mentiras, grandes ou não, necessárias ou não, de pernas curtas ou longas. Recentemente houve um fato que me fez voltar a pensar no que o humano é capaz para conseguir algo: a brasileira que acusou neonazistas de agressão na Suíça. Nessa semana, a advogada Paula Oliveira foi internada mais uma vez por causa de possíveis problemas psicológicos.

Claro que o caso dela é muito complexo, pois, como há fortes indícios, Paula pode ter algum problema que pode ter feito ela inventar seguidamente. Esses problemas seriam transtorno bipolar, ainda uma hipótese, e lúpus, esta última confirmada e que pode gerar alucinações nos pacientes.

Adoro House

Adoro House

Mas uso o exemplo da Paula para justificar o que eu vi nesse fim de semana no próprio House [ou outra série que não lembro bem]: quando mentimos uma vez, vamos ter que mentir até o fim. É um ciclo vicioso que nos deixa mal-acostumados e que gera a necessidade de se inventar mais e mais para que não tenhamos que explicar a mentira anterior.

Só que tem uma hora que a nossa cabeça sacaneia e esquecemos alguns detalhes da mentira e somos pegos. Nessa hora entendi o motivo de a mentira ter as pernas curtas: ela não consegue ir muito longe, nem pular tão alto e nem fazer qualquer outra coisa que pernas longas faria.

Primeiro Paula mentiu a gravidez. Depois a agressão, que teria feito ela perder os filhos gêmeos. A imprensa brasileira caiu matando num primeiro momento, afinal, era uma filha da pátria que estava sendo abusada lá fora. Depois, alguém percebeu que podia ser furada e a imprensa começou a condicionar as coisas. Foi quando avisaram que Paula poderia ter feito aquelas coisas com ela mesma. Daí vieram as análises médicas e policiais, que constataram algo errado.

Depois disso veio a enxurrada de mentiras: descobriram que a gravidez era outra farsa, e o ultrassom que ela mostrou como prova havia sido tirado da Internet; os amigos suíços dizem que Paula afirmou ter sido casada aqui, no Brasil, e fantasiado a morte do marido – primeiro, ele estava no voo da TAM que caiu em Congonhas, depois, ele teria sido atropelado por uma lancha.

Agora, Paula Oliveira está sendo processada pelo Ministério Público da Suíça por falso testemunho e, se ficar comprovado que ela estava consciente do que fez e estava querendo dinheiro do governo suíço ou tentando forçar o seu namorado casar com ela, poderá pegar até três anos de prisão.

Por isso, penso duas vezes antes de mentir. Mas nem por isso vou deixar de contar mentiras, afinal, uma psicóloga aí diz no seu livro que mentimos em 25% do tempo. É uma coisa natural. Só depende de como estamos usando essas mentiras e quais são as consequencias delas.