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Acaso e uma possibilidade

sábado, 11th *.* julho, 2009

Ela entrou correndo no vagão enquanto a porta do metrô estava fechando. Ofegante, foi em direção à outra porta e ficou olhando para fora. Ele estava no vagão há duas estações e ficou a observá-la. Como qualquer homem, a mediu da cabeça aos pés. Ela continuou olhando para fora. Ele olhou para frente.

Ela estava com uma regata branca, colada ao corpo, um jeans azul-marinho, quase preto, e um tênis. Seu cabelo, encaracolado, estava úmido. Uma pequena bolsa de pano estava em seu ombro. Colocou a mão no vidro da porta. Seu olhar continua divagando pela imagem que passava rapidamente.

Ele estava com uma camiseta branca estampada nas costas, também de jeans, só que azul, e tênis. Carregava uma mochila entre as pernas. Estava sentado no banco reservado para os idosos. Apoiou o braço no suporte do vagão e olhou para um senhor que ‘cabeceava’ por causa do sono. Um jovem virou a página do livro. Outra menina prestava atenção apenas à música de seus fones.

Ele a olhou mais uma vez e mexeu na mochila. Ela pegou o celular para ver as horas. Ambos eram morenos e tinham estatura mediana, cerca de 1,75 metro. Ela tinha o rosto redondo, olhos ligeiramente puxados, sobrancelhas definidas e finas. Sua maquiagem era basicamente uma sombra branca e um brilho nos lábios. Ele tinha o nariz um pouco cumprido, meio pontudo. Cabelo aparado, ao estilo militar, e barba rala por fazer. Ela era magra; ele, forte.

Então ocorreu o primeiro contato mútuo. Ela foi colocar a mão na barra do vagão e o tocou no braço. Ele, instantaneamente,  olhou para cima. Ela deu um sorriso sem graça, como quem pede desculpas, e voltou a atenção para fora. Ele sorriu e levantou. Resolveu arriscar. Colocou-se ao lado dela, que fingiu não perceber a mudança. As estações passavam.

Nessa hora, o vagão estava  um pouco mais cheio. Ele voltou a olhá-la. Agora mais próximo, apenas mirava seu rosto. Ela olhou para ele e sorriu novamente. Ele retribuiu a expressão e disse “Oi”. Ela, educada, respondeu “Oi”. Ele continuou puxando assunto. Ela respondia, e sorria. A conversa fluiu. Ela se soltou. A estação chegou. A porta se abriu e sorrindo, ambos saíram do vagão e subiram as escadas rolantes.

Talvez trocaram telefones. Talvez se encontraram novamente, e até mesmo namoram atualmente. Talvez não. Nem chegaram a trocar telefones. Foi apenas uma conversa amigável. A oportunidade existiu e a possibilidade também. O rumo quem decidiu foram eles.

Esse encontro aconteceu na linha vermelha do metrô de São Paulo, entre as estações Guilhermina-Esperança e República. Relatei o mais próximo da verdade possível, mas a memória não colaborou muito, já que aconteceu em 2008.