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Até onde o cliente sempre tem razão?

quarta-feira, 10th *.* junho, 2009

Na terça à noite presenciei uma cena totalmente desnecessária. Tudo porque o “cliente sempre tem a razão”. O local era um McDonald’s, por volta das 22h. O tal do atendente ‘errado’ deveria estar trabalhando há, sei lá, umas 12 horas e, segundo a colega dele me disse, estava sem fazer a hora de descanso.

Sei que eles não são assim

Sei que eles não são assim

A cena foi a seguinte: homem de uns 50 anos comprando dois combinados e três sorvetes, para ele, mulher e filho. O estabelecimento estava sem batatas – a marca registrada do Mc – porque o fornecedor não havia levado. Mas esse não era o problema, afinal, os clientes estavam sendo avisados sobre a falta e tinham a opção de levar nuggets ou simplesmente comer apenas o lanche.

Nessa hora, uma outra atendente infeliz passou e brincou com o amigo do caixa. “Acabaram os nuggets também”. O senhor, apressado, tomou frente ao negócio e falou “Como assim acabou? Se for assim, não quero mais nada. Vocês não podem cobrar se não tem. Cadê o gerente?”.

O atendente explicou que havia sim nuggets e que aquilo era apenas uma brincadeira da outra atendente. Mas que se ele quisesse, não seria cobrado os nuggets. O homem começou a ‘sambar’ no balcão. Ficou nervoso. O gerente veio e reexplicou o problema [que na verdade, não existia].

Nessa hora eu estava ficando nervoso com o senhor, porque estava com fome e não podia pedir meu número dois com coca e batata grande nuggets. Mas, finalmente, ele saiu da frente do caixa. Então o atendente ‘errado’ me chamou e resmugou algo como “Que dia”. Isso foi a gota d’água para o homem.

“Você tem algum comentário para fazer?”, bufou o homem. “Não, apenas falei do meu dia. Não estava falando com o senhor”, retrucou o atendente. “Bom, porque se você ficar reclamando eu vou chamar seu gerente”, e apontou o indicador em direção ao atendente, “porque eu sou cliente. Eu tenho razão!”.

Nessa hora eu quase empurrei a mão do cara. “Poxa, tô com fome. Quero fazer meu pedido”, pensei, mas fiquei na minha. E eis que o atendente-escravo-faminto do McDonald’s perdeu o rumo. “Escuta senhor, eu não estava falando com você. Seu pedido já foi feito e eu já expliquei que foi uma brincadeira da outra atendente dizer que os nuggets tinham acabado. Em nenhum momento eu falei nada com o senhor…”, e o gerente chegou e pediu para o atendente sair do balcão que ele iria resolver.

No fim, o homem ainda sacaneou o atendente, que é gay. “Essa, essa coisa. Essa rapaizola”. Nessa hora eu lancei um olhar de censura para ele. Eu tava com fome, não havia feito meu pedido, não ia comer batata e ainda era obrigado a ouvir um cara brigando sem razão nenhuma e ainda sendo preconceituoso. PQP.

Mas daí, acho que ele percebeu que fez escarceu demais por coisa de menos. Pediu desculpa para os outros dois atendentes que foram substituir o ‘errado’ e saiu de mansinho do balcão.

Daí me questiono: até onde a máxima “sou cliente, por isso tenho a razão” é válida? Sempre ouvi dizer isso e os [nem sempre] coitados dos vendedores sempre acabam por pagar o pato. Mas até onde o cliente tem realmente razão? E o tal do vendedor sempre precisa engolir o sapo por causa do cliente?

Por isso sempre fiz de tudo, menos trabalhar com vendas. Não iria aguentar engolir uns sapos desses de cliente mal amado e sem educação, ainda mais estando certo. Nem sempre o cliente está certo, então nessa hora vale o bom senso. Acho que respeitar os outros não custa a ninguém. Tudo bem que tem uns vendedores que merecem ouvir umas poucas e boas por serviço mal-feito. Mas até aí, né…